Bom dia! - Parte II

Antes de mais, um pequeno update. Continuo a ir para o mesmo cliente que falei no último post mas..... nos últimos tempos tenho optado pelo comboio. Incialmente achava que não era uma opção muito viável pois o site do TFL dava-me uma carrada de mudanças que faziam a viagem bastante cansativa. Mas eu como até sou uma moça esperta comecei a estudar outras alternativas e consegui uma opção altamente. Apanho o comboio às 7h23 à porta de casa (sim, porque eu moro quase à porta da estação de comboios!) e às 8h40 estou no trabalho. Claro que tenho de mudar, não é directo... Quem dera!!!! Mas o tempo que passo no metro é pouco e os comboios que apanho são super rápidos. Já para não falar que posso ir a dormir, a mandar e-mails, a ler... Enfim, a fazer o que me apetecer! Por isso neste momento sinto-me bem estúpida pelo tempo que desperdicei na M25 nas primeiras semanas.

Mas aparte isto....

Hoje é dia 25 de Abril, ou seja, feriado em Portugal. E eu ODEIO! Já é mau ter de estar o dia todo em frente ao PC e saber que os colegas portugueses do outro lado estão a encher chouriços. Mas ainda há pior do que isto! Não é que as rádios mudam a programação?????

Hoje chego eu lançadinha ao trabalho para ouvir o Zé Nunes a falar da mega vitória do Chelsea contra o Barcelona quando me apercebo da dura realidade: hoje não há Linha Avançada! O quê?????????? Fiquei possessa. 

Mudo para a Comercial na esperança de poder ouvir o Ricardito com as suas mega temáticas. 8h55... 9h00.. 9h05.. 9h10... 9h15.. 9h20!!!!! Nada! Só música!

Fiquei ainda mais possessa!

Acho isto indecente. Que as pessoas normais estejam de férias, tudo bem. Mas a rádio??? A rádio é serviço público! É tipo médicos! Deviam trabalhar todos os dias. Não se admite.

Bom dia!

Não se pode dizer que o meu estilo de vida seja propriamente rotineiro. Como consultora, o meu local de trabalho varia consoante o cliente ao qual estou alocada num determinado dia. Geralmente, o número de dias em que estou no mesmo cliente não é muito, às vezes 3 dias, uma semana, duas... No entanto, neste momento estou a trabalhar num projecto um pouco mais longo, por isso já estou há 4 semanas a ir para o mesmo sítio, com perspectivas de ficar mais tempo. Sendo assim, pode-se dizer que já adquiri uma certa rotina matinal.

Saio de casa às 7h, no máximo às 7h10, pronta a enfrentar a M25. Só para contextualizar, a M25 é a circular externa de Londres e não é propriamente uma estrada onde o trânsito flua com facilidade. No entanto, com o optimismo que me caracteriza (LOL!) saio de casa sempre com a esperança de que aquilo hoje não esteja assim tão mau. Se não estiver muito mau, conseguirei chegar ao local a horas (ou seja, às 9h), ou até um pouco antes. Se estiver muito mau, talvez me atrase, tipo 9h10, 9h15... Se estiver bom, sem grandes filas, consigo chegar por volta das 8h15-8h30, como hoje. Sim, eu sei que é duro, demorar 2h a chegar ao trabalho parece absurdo, mas como é algo temporário consigo lidar bem com isso. Os dias em que fico a trabalhar em casa compensam estes mais duros :)

Como devem imaginar, passar quase 2h sozinha dentro de um carro, implica ouvir rádio. E foi este o motivo que me levou a escrever este post.

As minhas rádios de eleição neste momento são a Heart e a XFM.

A Heart é tipo RFM portuguesa, uma música actual, uma música de velhinhos, uma música actual, uma música de velhinhos... Tipo, Adele, Sting, Rhiana, Phil Collins. E perguntam vocês, a que propósito é que eu ouço isto? Essencialmente, porque o programa da manhã é fixe. "Heart Breakfast, with Jamie and Harriot!!!" E também porque quando não está a dar mais nada, mudo para lá e normalmente está a dar qualquer coisa minimamente audível.

A XFM é uma rádio mais cool, muito mais jovem e só passa coisas mais rock. The Strocks, Arcade Fire, Artic Monkeys, são só alguns exemplos. É sem dúvida muito mais do meu agrado, mas ouvir isto a toda a hora também se pode tornar cansativo, por isso alterno entre as duas rádios.

Depois da jornada na M25, passo às radios portuguesas, já no trabalho. Se a M25 estiver de bom humor e eu conseguir chegar antes das 8h45, ligo a Antena 3 e ouço o Zé Nunes. Mas isto, infelizmente, nem sempre consigo ouvir. No entanto, quase sempre consigo ouvir a Mixórdia de Temáticas na Comercial, às 9h15. Que diga-se de passagem, é de partir a moca!

E pronto, assim começa o meu dia. Acho que só depois da mixórdia é que consigo realmente concentrar-me no trabalho. :p

Recordar é viver...

... Será?

É que eu só consigo pensar que é precisamente o contrário. Muitas vezes recordamos porque nos arrependemos de coisas que fizemos no passado, escolhas que fizemos que gostaríamos de ter feito de forma diferente... Mas será que isso nos deixa viver o presente? Outras vezes recordamos porque vivemos momentos muito bons no passado, e porque gostaríamos de vivê-los novamente... Mais uma vez, isso só nos prende ao que ficou lá atrás e não nos deixa disfrutar do presente.

Por isso só consigo pensar que o gajo que disse esta cena não devia estar a bater muito bem naquela altura...

Universal

Hoje ouvi esta música na rádio e devo confessar que este pequeno momento encheu o meu dia.

Sim, eu sei que podia ouvir esta música quantas vezes quisesse no youtube... Ou pôr o cd no meu ipod... Mas ouvi-la assim inesperadamente, no meio de chuva quase torrencial e uma fila parada, soube-me mesmo bem. ;)

E temos que admitir que este não o tipo de música que passa na rádio ultimamente, não é? Ao contrário da seguinte, que ao que me parece é o hit do momento. Deixo-vos com uma versão um pouco mais orginal...

PortuSol

Quando me mudei para Inglaterra, várias pessoas me disseram que o clima seria uma das barreiras mais difíceis da minha mudança. Já estava por isso psicologicamente preparada para o que aí vinha. E a verdade é que a diferença sente-se e muito.

No Inverno, às 4h da tarde já é noite. Em grande parte dos dias não se vê o Sol porque o céu está permanentemente coberto de nuvens. Há dias em olhamos lá para fora e perguntamos "Será que está a anoitecer, ou será que está a amanhecer?"... E depois quando olhamos para o relógio vemos que é meio-dia e que simplesmente hoje já não vamos ter mais do que aquele nível de luminosidade. Há dias em que somos acordados pelo Sol e vemos um céu totalmente limpo; mas são raros esses dias que não terminam com chuva, ou pelo menos com o céu totalmente nublado.

Mas como em tudo, o ser humano habitua-se. E na verdade, quando estou em Inglaterra, apesar de sentir isto, não custa assim tanto como pode parecer.

O choque acontece quando venho a Portugal. Hoje quando saí do avião o meu primeiro pensamento foi "Ahhhhhh... Aqui consigo respirar!". E é mesmo isto que sinto. O céu limpíssimo, um sol que apesar de ser de Inverno é quente e caloroso, uma luminosidade incrível. E mesmo sendo Inverno, já cheira a Primavera!

Este clima acalma o corpo e o espírito. Sem dúvida, não há nada que pague este sol!!!

Primavera

Estes dias tenho andado a ouvir o último álbum dos the Gift - Primavera - e devo confessar que me trouxe uma enorme nostalgia. Este álbum é o regresso dos The Gift ao registo que me fez apaixonar por eles, bem diferente do anterior Explode. Não que o Explode não seja um bom álbum, muito pelo contrário! É um excelente álbum que merece e deve ser ouvido! Mas tal como o próprio nome - e toda a imagem associada -  indicam, é uma explosão de sons, cores, energia, alegria. O Primavera é introspecção... Calmo, melancólico, melodioso... E fez-me voltar alguns anos atrás e reviver outros tempos... É impressionante como a música tem a capacidade de nos transportar para outros dias, locais, sensações...

Portanto, é sem dúvida um álbum a ouvir. Deixo-vos aqui aquela que, pelo menos para já, é a minha preferida do novo álbum.

Mas mais importante, deixo-vos as músicas que me trazem mais nostalgia. E acreditem que não é fácil escolher, porque são muitas! Mas acho que estas são as mais importantes. 

Crise de Identidade

Ser um português a viver em terras de sua majestade tem muito que se lhe diga, podendo afectar inclusive a nossa identidade. 

A todas os ingleses que conheço apresento-me sempre como Eva Duarte, ou melhor, "Iva Duarte", que é a forma como o meu nome soa melhor em inglês e é mais fácil de dizer. 

No entanto, no outro dia houve uma alma simpática no meu trabalho que me perguntou "Oh Eva, o teu nome diz-se Iva ou Ava? ". Ao que eu respondi, que nem uma nem outra, mas sim "Éva", e tentei dar grande acentuação ao E para que se percebesse bem. Mas sabem qual foi a resposta dele? "Ahhh... Bem me pareceu que se dizia Ava!" E desde então que não me chama Iva, nem Eva, mas sim Ava!!! Acham isto normal?

Eu, envergonhada como sou nestas coisas, principalmente com pessoas com quem tenho pouca confiança, ainda não tive coragem de lhe explicar que não é assim que se diz. Ou seja, a minha identidade já tão abalada por ser uma portuguesa no meio de um montão de ingleses, está a ir cada vez mais por água abaixo.